quinta-feira, 17 de outubro de 2013

“No Vale do Rio Doce, a pequena amostra do dilúvio”.



No dia 10 de fevereiro de 1979 o Estado de Minas noticiou uma das maiores enchentes vividas pelos moradores do Vale do Rio Doce. A matéria destacou a movimentação de aviões de guerra, de carreira e também de helicópteros, entre os aeroportos da Pampulha em Belo Horizonte e o de Governador Valadares, levando carregamentos de alimentos, vacinas e remédios para os desabrigados da região. 

Em Valadares as áreas mais atingidas pela chuva ocorrida três dias antes compreendiam alguns bairros periféricos e a Ilha dos Araújos. Nesta localidade, cerca de 12 mil pessoas tiveram que deixar suas casas, sendo previsto um prejuízo não só de moradias, mas também no comércio da região, que era significativo. Houve registro de algumas discussões entre moradores da Ilha e de outros bairros afetados, acerca da atenção dispensada pela prefeitura a um e outro, entretanto, o jornal informou que “prevaleceu o espírito de solidariedade”. Alguns fazendeiros da região se reuniram a fim de arrecadar fundos para a reconstrução de casas, além de fornecerem leite e água potável aos moradores.

O engenheiro Felipe Nery do Serviço Autônomo de Águas e Esgoto (SAAE) disse ao jornal que seria preciso que o Rio Doce baixasse cerca de 60 cm para que o fornecimento de água fosse restabelecido, porém, no dia anterior à publicação da matéria, o nível do rio havia subido. A matéria observou ainda que a preocupação maior naquele momento residia nos desabrigados de origem mais humilde, e apresenta rapidamente dois exemplos:

A reportagem abordou também o impacto que a enchente teria na economia de Governador Valadares. As lavouras de subsistência da região foram arrasadas junto com pequenas criações. O jornal ressalta que, apesar da gravidade de situação, até aquele momento o prefeito da cidade, Raimundo Monteiro de Resende, não havia decretado o Estado de Calamidade Pública e, quando questionado, respondeu que tal ato caberia ao Governador do Estado de MG. 

Dentre outras providências, comissões foram formadas a fim de auxiliar na atuação durante o Estado de Emergência e fazer reivindicações junto ao governador. Há ainda uma nota referente à visita do Coronel Waldir Soares de Souza, Secretário Executivo da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil (CEDEC), que percorreu todas as áreas atingidas e entregou à cidade milhares de doses de vacinas.

Estado de Minas, 10/02/1979.



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